Vale a pena manter parte dos investimentos em dólar?

Vale a pena manter parte dos investimentos em dólar?

Em um cenário global marcado por incertezas e oscilações cambiais, muitos investidores brasileiros questionam se devem manter parte da carteira dolarizada como proteção. Esta análise detalhada traz dados atualizados para 2025, apresentando cenários, estratégias e perfis de risco para ajudar na tomada de decisão.

Cenário Atual e Projeções Cambiais

Entre janeiro e maio de 2025, o real valorizou-se aproximadamente 9,5% frente ao dólar, após um período de forte desvalorização no final de 2024. Esse movimento, no entanto, é atribuído mais a fatores conjunturais do que estruturais. A elevação de tarifas dos EUA a mais de 180 países, conhecida como “Liberation Day”, e as incertezas sobre uma possível recessão americana exercem influência direta no câmbio.

Grandes instituições financeiras projetam que, até o fim de 2025, o dólar deve variar entre R$ 5,40 e R$ 6,45, com o Boletim Focus apontando faixas entre R$ 5,96 e R$ 6,20. Para o investidor, isso significa manter-se atento às oscilações e entender que movimentos de curto prazo podem surpreender o mercado.

Motivos para Investir em Dólar

A principal razão para incluir ativos dolarizados em uma carteira brasileira é a proteção contra a desvalorização do real e o impacto da inflação doméstica. Além disso, o dólar continua sendo considerado um dos portos seguros mais sólidos do mundo.

Investir em moeda americana também permite:

  • acesso a mercados internacionais
  • diversificação setorial e geográfica
  • potencial de ganhos em cenários de apreciação da moeda

Empresas exportadoras de agronegócio e mineração, cuja receita acompanha o dólar, representam outra forma indireta de proteção cambial e podem integrar uma carteira balanceada.

Formas Práticas de Alocação

Existem múltiplas vias para colocar recursos expostos ao dólar em 2025. Cada alternativa traz custos, burocracia e vantagens específicas. Conheça as principais:

  • Compra direta de moeda em espécie ou cartões pré-pagos, disponível em bancos e casas de câmbio
  • Fundos e ETFs negociados na B3 atrelados ao dólar, como fundos cambiais e BDRs
  • Contas em corretoras internacionais ou plataformas digitais, como a Nomad

O investidor deve avaliar taxas de câmbio, spreads e eventual necessidade de documentação para cada modalidade.

Tipos de Ativos Dolarizados Disponíveis

Para diversificar ainda mais a exposição, é possível combinar diferentes ativos:

  • Fundos cambiais e fundos multimercados globais
  • Ações de empresas brasileiras exportadoras
  • ETFs internacionais e BDRs de empresas estrangeiras

Riscos e Desvantagens

Investimentos em dólar não são imunes à volatilidade. São de renda variável e sujeitam-se a oscilações de curto e longo prazo. Há também risco político nos EUA, que pode afetar a confiança na moeda.

Outros pontos de atenção:

  • Tributação diferenciada sobre rendimentos dolarizados
  • Custos operacionais elevados, incluindo tarifas de corretoras e taxas de câmbio
  • Risco de desvalorização caso o real retome força estruturalmente

Indicadores e Números-Chave para 2025

Estratégias e Percentuais Recomendados

Especialistas sugerem alocar entre 10% e 30% da carteira em ativos dolarizados, variando conforme objetivos e tolerância ao risco. Uma tática eficaz é o dollar cost averaging com aportes regulares, que dilui o impacto da volatilidade ao longo do tempo.

Para quem busca menor exposição direta, combinar ações de exportadoras com fundos cambiais pode reduzir custos e simplificar o acompanhamento.

Considerações Finais

A diversificação global é um pilar essencial para mitigar riscos locais e aproveitar oportunidades em diferentes economias. Manter parte dos investimentos em dólar oferece ampla liquidez e acesso a setores inovadores, tornando-se um componente estratégico de uma carteira equilibrada.

Entretanto, monitorar constantemente o cenário macroeconômico, custos operacionais e mudanças políticas nos EUA e no Brasil é fundamental para ajustar a exposição e alcançar resultados consistentes no longo prazo.

Fabio Henrique

Sobre o Autor: Fabio Henrique

Fábio Henrique, 32 anos, é redator de finanças no gmotomercado.com, especializado em traduzir o universo do crédito para o público que busca clareza e praticidade.