Em janeiro, a bolsa avançou 4,86% enquanto o dólar recuou 5,54%. Muitos podem se sentir otimistas, acreditando que as ações seguirão subindo e o dólar, caindo. É nesse ponto que reside o risco.
Por ora, não ocorreu nenhuma melhora nos fundamentos macroeconômicos internos que justifique essa tendência.
A queda do dólar se deve principalmente à percepção de que o protecionismo de Trump será menos abrangente do que previamente anunciado.
Entretanto, qualquer instabilidade externa pode fazer o dólar subir novamente acima de R$ 6,00, impactando negativamente nossa bolsa.
Perspectivas Econômicas para 2025
Olhando para 2025, não se espera uma melhora nas finanças públicas. Pelo contrário, R$ 28 bilhões em despesas adicionais devem anular os esforços do já frágil pacote fiscal.
Além disso, o governo já indicou sua intenção de isentar de IR quem ganha até R$ 5 mil, sem cortes compensatórios de despesas. O presidente Lula afirmou claramente que, se depender dele, não haverá ajuste fiscal.
A estimativa de inflação para 2025 está em 5,51%, segundo o relatório Focus, e a Selic deve encerrar o ano a 15% a.a.
Isso sugere um ano mais inflacionário, sem ajuste fiscal e com juros elevados. O crescimento de 2,06% antecipado pelo mercado parece até excessivamente otimista.
Impactos Internacionais e Riscos Políticos
Além dos riscos internos, há a possibilidade de a China crescer menos do que o esperado e de os EUA enfrentarem mais inflação devido a medidas protecionistas de Trump.
Se a inflação nos EUA aumentar, juros mais altos por lá se tornam inevitáveis, o que pressiona nosso câmbio e a inflação local.
Outro ponto crucial é o risco político. Com a queda de popularidade de Lula, ele pode adotar medidas mais audaciosas para evitar desaceleração econômica em 2026.
Essa perspectiva política pode influenciar decisões econômicas que afetem o mercado local.
Recomendações de Investimento
Com todos esses riscos em mente, é crucial agir com cautela ao investir.
Ativos de renda fixa com menor risco de crédito, como títulos públicos, permanecem uma excelente opção, oferecendo prêmios atraentes.
Embora haja ações muito baratas, os ganhos só se materializariam quando houver fundamentos para queda dos juros, o que pode ocorrer no próximo governo.
Mesmo que muitos ativos nos EUA estejam caros, ainda é possível encontrar boas oportunidades. Investimentos dolarizados são sempre uma boa estratégia, especialmente em momentos de incertezas no Brasil.
A expectativa de uma safra agrícola recorde pode nos favorecer, mas, por ora, os riscos negativos superam os positivos. — Analista Econômico