Como a bolsa reage às eleições no Brasil e nos EUA

Como a bolsa reage às eleições no Brasil e nos EUA

Em anos eleitorais, os mercados de ações brasileiros e norte-americanos exibem movimentos marcantes, muitas vezes disruptivos, que refletem o cenário político e as expectativas econômicas futuras.

Este artigo explora as nuances históricas e contemporâneas dessas flutuações, oferecendo uma visão abrangente e recomendações práticas para investidores.

O ciclo eleitoral brasileiro e o impacto no Ibovespa

O Ibovespa costuma registrar volatilidade mais acentuada entre o início do ano e o término do primeiro turno, conforme os investidores incorporam as pesquisas e cenários de governo.

Setores com maior sensibilidade política costumam sofrer oscilações mais intensas.

  • Estatais como Petrobras e Banco do Brasil
  • Setor de educação e varejo
  • Segmento imobiliário e companhias regionais
  • Empresas com forte ligação a políticas públicas

No início de 2025, a bolsa brasileira liderou os mercados globais após reverter o tombo de fim de 2024, impulsionada pela queda dos juros no Brasil e pela expectativa de continuidade de políticas pró-mercado.

Com o preço/lucro em 6,6x — um desconto de 40% em relação à média histórica — o Ibovespa é estimado em torno de 130 mil pontos quando ajustado ao valor justo, segundo análises da XP.

As eleições americanas e a bolsa dos EUA

No mercado americano, os índices S&P 500, Dow Jones e Nasdaq reagem de forma distinta dependendo do partido eleito e da composição do Congresso.

Desde 1950, apenas uma vez o Federal Reserve deixou os juros inalterados em ano eleitoral, contrariando a crença de que o banco central evita ajustes antes das urnas.

  • Expectativa de corte de impostos fomenta altas sob Trump
  • Maior foco em sustentabilidade e energia verde sob Democratas
  • Padrão preditivo: alta das ações indica vitória do partido no poder

Em 20 das últimas 24 eleições, o movimento do S&P 500 nos três meses anteriores antecipou corretamente o resultado eleitoral.

Interdependência e particularidades: como eleições nos EUA afetam o Brasil

Apesar de não haver forte correlação direta entre o resultado americano e o Ibovespa, certas políticas influenciam setores específicos no Brasil.

Uma vitória republicana tradicionalmente favorece commodities agrícolas, enquanto um governo democrata pode elevar investimentos em mineração crítica e projetos ambientais.

Além disso, o fluxo global de capitais e as oscilações do dólar, frequentemente atreladas ao apetite por risco emergente, podem amplificar as movimentações do mercado brasileiro.

Outros fatores de volatilidade

A taxa futura de 5 anos no Brasil gira em torno de 13,7%, frente a 3,7% nos EUA, alterando significativamente o apetite por risco em ações.

O ambiente digital e o uso intenso de redes sociais também geram ruídos extras: houve um aumentos recorde de denúncias nas redes de discursos de ódio em 2022, elevando o sentimento de incerteza.

  • Variações nos juros futuros e prêmio de risco
  • Polarização digital e controvérsias judiciais
  • Possibilidade de judicialização do pleito

Conclusão e recomendações para 2026

Para 2026, investidores devem monitorar de perto as pesquisas e cenários de política fiscal e monetária, mantendo uma abordagem diversificada e orientada por fundamentos.

É fundamental avaliar setores resilientes a ruídos eleitorais, manter reservas em ativos de renda fixa atrelados à inflação e considerar exposição moderada a ações que se beneficiem de mudanças de governo.

Em síntese, compreender os padrões históricos, fatores externos e a dinâmica interna de cada mercado permite construir uma carteira mais robusta, pronta para navegar a incerteza típica de anos eleitorais e aproveitar oportunidades no longo prazo.

Robert Ruan

Sobre o Autor: Robert Ruan

Robert Ruan, 31 anos, é colunista de finanças no gmotomercado.com, com olhar crítico sobre cartões de crédito, empréstimos rápidos e armadilhas das fintechs.